12 Filmes do Cinema Lado B para Assistir Antes de Morrer

O cinema sempre foi uma paixão para mim, mas, por muito tempo, eu me limitava ao que chamamos de “cinema mainstream”. Não que eu não amasse os grandes blockbusters ou dramas premiados, mas descobri que havia uma riqueza quase inexplorada em outro lado da sétima arte: o cinema “lado B”. Filmes independentes, de baixo orçamento, cults e undergrounds, com narrativas ousadas, estéticas provocativas e histórias que fogem completamente do convencional. Hoje, quero compartilhar uma lista de 12 desses filmes imperdíveis que você deveria ver antes de partir dessa para melhor.

O que é o Cinema Lado B?

Antes de entrarmos na lista, é importante entender o que eu quero dizer por “lado B”. O termo originalmente era usado para se referir às faixas secundárias dos discos de vinil e, no contexto cinematográfico, abrange produções que fogem do mainstream. Esses filmes costumam ser independentes, de baixo orçamento, com uma estética mais crua e muitas vezes subversiva. O cinema lado B é o terreno fértil de diretores que experimentam linguagens diferentes e histórias que desafiam as normas da indústria.

Eraserhead (1977) – David Lynch

Não tem como começar essa lista sem mencionar “Eraserhead”, a estreia bizarra e hipnotizante de David Lynch. Quando assisti pela primeira vez, confesso que fiquei um tanto perturbada – e essa é exatamente a intenção. O filme, que mistura horror e surrealismo, explora as ansiedades da paternidade de uma forma alegórica e profundamente desconfortável. Lynch não dá respostas fáceis, mas provoca sensações fortes que ficam com você por dias.

A Mulher Infernal (1968) – Russ Meyer

Russ Meyer é um nome que, no mínimo, desperta curiosidade. Conhecido por suas produções sensuais e violentas, “A Mulher Infernal” é um dos exemplos mais emblemáticos do seu trabalho. Com uma estética kitsch, personagens exagerados e uma narrativa que mescla humor negro e ação, esse filme é um ícone do cinema exploitation. É uma experiência que não se leva tão a sério, mas que deixa uma marca duradoura.

El Topo (1970) – Alejandro Jodorowsky

A primeira vez que assisti a “El Topo” foi em uma sessão de cinema cult à meia-noite, e talvez essa tenha sido a maneira perfeita de experienciar o filme. Alejandro Jodorowsky nos leva a uma viagem psicodélica pelo Velho Oeste, misturando filosofia, espiritualidade e violência extrema. O filme é uma obra-prima surrealista, sem uma narrativa linear, mas com uma força visual e simbólica arrebatadora.

Possessão (1981) – Andrzej Żuławski

Há filmes que nos deixam desconfortáveis, e depois há “Possessão”. Quando me recomendaram esse filme, fui avisada de que seria uma experiência intensa, mas nada me preparou para o que vi. Parte drama psicológico, parte horror sobrenatural, “Possessão” é uma viagem ao desespero humano, com uma das performances mais insanas que já vi, cortesia de Isabelle Adjani. Não é um filme fácil de assistir, mas é brilhante.

O Garoto da Bicicleta (2011) – Jean-Pierre e Luc Dardenne

Embora os filmes dos irmãos Dardenne sejam conhecidos em festivais, eles ainda habitam o que eu considero o lado B do cinema europeu. “O Garoto da Bicicleta” é uma obra tocante e profundamente humana, que retrata a jornada de um menino em busca de pertencimento. A simplicidade com que os diretores abordam temas complexos, como abandono e redenção, é de uma sensibilidade rara.

A Montanha Sagrada (1973) – Alejandro Jodorowsky

Não, você não leu errado – Jodorowsky merece duas menções nesta lista. “A Montanha Sagrada” é ainda mais ambiciosa que “El Topo”. Com uma estética visual alucinante e uma trama que mistura alquimia, religião e crítica social, esse é o tipo de filme que você precisa ver mais de uma vez para absorver por completo. Cada cena é uma pintura em movimento, e o simbolismo é tão denso que você fica com ele na cabeça por semanas.

Pink Flamingos (1972) – John Waters

Se existe um diretor que sabe como chocar seu público, esse é John Waters. “Pink Flamingos” é um marco do cinema trash, e o filme mais “lado B” desta lista. Com cenas que beiram o grotesco, Waters constrói uma narrativa tão absurda quanto fascinante sobre uma competição para descobrir a “pessoa mais repugnante do mundo”. Não é para os fracos de estômago, mas é impossível ignorar sua importância no cinema underground.

Videodrome (1983) – David Cronenberg

David Cronenberg é o mestre do body horror, e “Videodrome” é um de seus trabalhos mais perturbadores e visionários. Aqui, a realidade e a ficção se confundem em um futuro distópico onde a mídia tem o poder de alterar a percepção humana de forma física e mental. Vi esse filme ainda adolescente, e ele me assombrou por muito tempo, especialmente por sua relevância em um mundo cada vez mais mediado pela tecnologia.

O Homem de Palha (1973) – Robin Hardy

Quando falamos de horror britânico, “O Homem de Palha” é uma joia rara. Esqueça os sustos convencionais – este é um horror atmosférico, onde o verdadeiro terror está nas crenças e comportamentos da comunidade retratada. A trama gira em torno de um policial cristão que investiga o desaparecimento de uma garota em uma ilha pagã. O final é absolutamente devastador, deixando você com um sentimento de inquietação que é difícil de descrever.

They Live (1988) – John Carpenter

John Carpenter sempre flertou com o cinema de gênero, e “They Live” é uma pérola dentro de sua filmografia. Esse filme mistura ficção científica, sátira política e ação de uma maneira que poucos conseguiram replicar. Com um protagonista que descobre óculos capazes de revelar uma conspiração alienígena para controlar a humanidade, “They Live” é uma crítica ácida ao consumismo desenfreado e à manipulação midiática.

O Mensageiro do Diabo (1955) – Charles Laughton

“O Mensageiro do Diabo” é um dos filmes mais únicos do cinema clássico americano. Lançado em 1955, ele mistura elementos de suspense, horror e fábula, com uma cinematografia que remete ao expressionismo alemão. Robert Mitchum interpreta um falso pregador que aterroriza duas crianças em busca de uma fortuna escondida. A atmosfera onírica e a atuação assustadora de Mitchum fazem deste um filme essencial.

A Vida de Brian (1979) – Monty Python

Para fechar a lista com leveza e risos, “A Vida de Brian” é uma sátira religiosa irreverente e incrivelmente inteligente. Os Monty Python sempre souberam brincar com temas controversos, e aqui eles estão em seu auge, com uma história sobre um homem comum que, por acaso, nasce no mesmo dia e lugar que Jesus Cristo. O humor ácido e absurdo é uma delícia para qualquer fã de comédia subversiva.

Por Que Ver Cinema Lado B?

Assistir a esses filmes é como explorar um universo paralelo dentro do cinema, onde tudo é permitido e a criatividade não conhece limites. O lado B é, muitas vezes, onde nascem as ideias mais ousadas, onde diretores e roteiristas podem experimentar sem as pressões comerciais de Hollywood. Claro, nem sempre são filmes fáceis de digerir, mas são experiências que nos marcam profundamente, que nos fazem questionar nossas próprias percepções e sentimentos. Se você está em busca de algo diferente, algo que fuja do óbvio, essas 12 recomendações são um excelente ponto de partida. Prepare-se para ser desafiado, surpreendido e, em muitos casos, transformado.

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